Johanna Liesbeth Kubelka Döbereiner nasceu em 28 de novembro de 1924, na cidade de Aussig, na então Tchecoslováquia. Formou-se em Agronomia pela Universidade de Munique em 1950 e, ainda naquele ano, chegou ao Brasil, país que adotaria como sua nova pátria e ao qual dedicaria toda a sua carreira científica. Em 1956, naturalizou-se brasileira.

Em março de 1951, iniciou sua trajetória profissional no Serviço Nacional de Pesquisas Agronômicas (SNPA), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura. Atuou como assistente de pesquisa do Dr. Álvaro Barcellos Fagundes, dedicando-se ao Laboratório de Microbiologia de Solos. Mais tarde, o SNPA daria origem à Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), instituição onde Johanna trabalhou até o final de sua vida.

Sua contribuição à agricultura brasileira foi marcante. Em 1964, passou a integrar a Comissão Nacional da Soja, que discutia os rumos da cultura no Brasil. Na ocasião, Johanna defendeu o uso de bactérias fixadoras de nitrogênio nas raízes da planta — alternativa que viria a revolucionar o cultivo da soja no país. A adoção dessa prática não apenas aumentou significativamente a produtividade, como também reduziu os custos com fertilizantes nitrogenados, gerando uma economia de bilhões de dólares ao Brasil e contribuindo para o avanço sustentável da agricultura nacional.

O sucesso da técnica se estendeu também à cana-de-açúcar, impulsionando os resultados do programa PROALCOOL e tornando o Brasil referência mundial em biocombustíveis. Seu trabalho contribuiu diretamente para tornar a agricultura brasileira mais eficiente e menos dependente de insumos químicos, com impactos positivos sobre o meio ambiente. Pelo conjunto de suas contribuições, Johanna foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 1997.

Nos anos 1970, realizou uma de suas descobertas mais relevantes: identificou a associação entre bactérias do gênero Spirillum e gramíneas tropicais, especialmente em solos brasileiros. Essa interação natural permitia que o nitrogênio fosse fixado diretamente pela planta, dispensando o uso de adubos químicos e tornando a técnica ainda mais eficaz em climas tropicais.

Com uma carreira científica admirável, Johanna Döbereiner tornou-se uma das pesquisadoras brasileiras mais citadas no mundo e referência entre as mulheres na ciência. Publicou cerca de 500 trabalhos científicos, orientou dezenas de dissertações e teses e contribuiu significativamente para a formação de novos pesquisadores. Em 1977, foi eleita membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e, em 1995, tornou-se sua vice-presidente — sendo a primeira mulher a ocupar esse cargo.

Trabalhou ativamente até seus últimos dias e faleceu em 5 de outubro de 2000. Em sua homenagem, foi criada, em 2002, a Sociedade de Pesquisa Johanna Döbereiner, que mantém viva sua contribuição à ciência e à agricultura sustentável no Brasil e no mundo.